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Jovens empreendedores enfrentam desafio da falta de credibilidade

Sexta-Feira, 28 de Abril de 2017, 14h13

Apesar de atuarem em áreas diferentes ou escolherem estratégias comerciais próprias, os donos de startups têm algo em comum: em sua maioria, são jovens entre 25 e 30 anos de idade, ou então de 18 a 24 anos. Segundo mapeamento do ranking de startups, 34% e 5,2% dos sócios, respectivamente, compõem esse perfil, enquanto 33,3% estão na faixa entre 36 e 50 anos.

Gustavo Henrique Amaral Monteiro Rocha, 19, por exemplo, é diretor executivo da Nutricandies, criada no ano passado. Estudante de engenharia química da Universidade Federal de Goiás, ele já trabalhava aos 14 anos como tutor voluntário de uma escola de informática para crianças carentes. “Empreender mais cedo permite avaliar melhor os trilhos da sua carreira”, afirma. “Mas é difícil conciliar vida acadêmica com a rotina de empreendedor.”

Rocha diz que o pai foi a principal motivação para empreender. Já o pontapé inicial no mundo corporativo veio quando, durante o ensino médio, participou de uma competição de modelos de negócios. “Transformei pesquisa científica em empreendimento.” No ano passado, a companhia obteve o primeiro lugar na Olimpíada de Empreendedorismo de Goiás.

Hoje, a Nutricandies, sediada em Goianira, a 30 quilômetros de Goiânia, desenvolve cremes de chocolate com vegetais como cenoura, couve e beterraba. “Usamos uma tecnologia de baixo custo que mantém o sabor do chocolate, mas enriquecido com vitaminas e minerais”, diz Rocha, que dirige o negócio na incubadora Centro de Empreendedorismo e Inovação (CEI) , da UFG.

Com quatro funcionários, a empresa conquistou clientes com restrições alimentares, entre veganos, intolerantes a lactose e celíacos; além de seguidores da alimentação saudável. “Enxergamos uma lacuna nesse mercado.” Como resultado, construiu uma rede ativa de 300 compradores no interior de Goiás, além de fazer entregas em pequenos empórios da região.

Ainda sem receita fixa ou campanhas de marketing, já obteve vendas de R$ 5 mil, em quatro semanas. Para iniciar uma linha de produção industrial, a ideia é captar R$ 100 mil com investidores. “Queremos expandir o portfólio de produtos, ampliar o alcance das vendas e atender grandes empresas de alimentos.”

Em Uberlândia (MG), Raphael Jorge, 22, também está à procura de investimentos. O estudante de administração comanda a Piron Health, especializada em internet das coisas (Iot) na área de saúde. Pretende captar R$ 1 milhão, para expandir nichos de atuação e internacionalizar o negócio.

“Integramos softwares e dispositivos médicos que auxiliam no tratamento de pacientes”, explica Jorge, que se interessa por internet desde os dez anos. “A maior vantagem de começar cedo é ter a possibilidade de falhar mais vezes e aprender.”

Fundada em 2015, a empresa saiu do papel depois de um investimento próprio de R$ 10 mil. Com 13 funcionários, conquistou contratos com clínicas, laboratórios e hospitais. Participou do programa de pré-aceleração Lemonade, em Uberlândia, e atualmente é acelerada pelo FIEMG Lab, em Belo Horizonte (MG).

Para Lucas Campos, 23, fundador e diretor operacional do Laboratório Alquimista, de Anápolis (GO), um dos maiores desafios do trabalho precoce é a pouca credibilidade dada por parceiros de negócios. “Aos 20 anos, quando visitei uma grande indústria, sentei à mesa com executivos com 40 anos de experiência”, lembra. “Foi um desastre. Nada de contrato, mas muito aprendizado.”

Formado em química, Campos abriu a empresa há menos de dois anos. Voltada para a gestão de resíduos, atende produtoras de drágeas para medicamentos. “A nossa tecnologia extrai das aparas das cápsulas a gelatina, para que possa ser reutilizada.” A companhia já recebeu R$ 150 mil de um investidor anjo e ganhou um prêmio de R$ 26 mil da Fundação de Desenvolvimento de Tecnópolis, de Goiás.

Roger Pires Muller, sócio da consultoria ilegra, afirma que empreendedores mais jovens podem tomar algumas precauções e aumentar as chances de sucesso. “Saber ouvir e aceitar críticas faz toda a diferença nesse ramo.”


Fonte: Contábeis (www.contabeis.com.br)


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